O futebol e o facebook
Já todos sabemos que o futebol, assim como o desporto em geral, tem uma componente emotiva muito forte. Até o adepto mais contido perde a razão quando o seu clube tem resultados menos conseguidos. É habitual que no dia seguinte a um jogo importante, as conversas de café girem em torno dos acontecimentos desportivos do dia anterior.
Com a explosão das redes sociais esse fenómeno tornou-se instantâneo, nem chega a ser necessário que uma partida de futebol termine, para que a troca de pontos de vista seja partilhada por adeptos mais entusiastas. Estas situações são normais até ao ponto em que o conteúdo da conversa passa do amigável para o insulto pessoal.
O que acontece em Las Vegas, fica em Las Vegas, o que se escreve no Facebook é para todos e para sempre.
Compreendo que as gerações mais antigas não percebam o alcance que uma partilha no Facebook poderá atingir, mas as gerações mais novas não têm desculpa, são pessoas digitais por natureza. É com alguma apreensão que vejo murais invadidos por palavrões e outras atitudes menos próprias e penso que as pessoas não têm consciência do impacto que tudo isso pode ter na sua vida pessoal e profissional. Não vou falar aqui de marketing pessoal mas não estarei muito longe da verdade se disser que as empresas excluem 50% das candidaturas pelo perfil do Facebook.
Cada vez mais se vê violência nos estádios de futebol e uma das causas poderá ser a convivência diária entre adeptos rivais, os quais, no passado, apenas se viam nos dias dos jogos entre as equipas que apoiam e agora trocam insultos a toda hora através das redes sociais. Aqui os clubes também não estão isentos, pois por vezes incitam a esta troca de galhardetes nas suas páginas, deixando a emoção prevalecer sobre a razão.
Gosto de futebol, gosto que os meus clubes ganhem e não torço pelos clubes rivais, mas tenho noção que esses clubes também têm adeptos que gostam que o seu clube ganhe e que muitos deles são meus amigos e/ou familiares.
Filipe Matos Pereira